A Mariologia é o ramo da teologia católica que se dedica ao estudo da pessoa e da missão de Maria, a Mãe de Jesus, no mistério da salvação. Mais do que um conjunto de doutrinas sobre a Virgem Maria, a Mariologia nos ajuda a compreender como ela participa da história da redenção e continua sendo modelo e intercessora para todos os fiéis.
Maria na Sagrada Escritura
A figura de Maria aparece com destaque nos Evangelhos e em momentos-chave da história da salvação. O anúncio do anjo Gabriel em Nazaré marca o início da Encarnação:
“Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
Esse “sim” de Maria é conhecido como o “fiat” – sua entrega total e confiada ao plano de Deus. A partir desse momento, Maria se torna Theotokos, a Mãe de Deus, como definido pelo Concílio de Éfeso em 431.
Ela está presente em momentos cruciais da vida de Jesus: na Visitação (cf. Lc 1,39-56), em Caná (cf. Jo 2,1-11), aos pés da cruz (cf. Jo 19,25-27), e com os apóstolos no Pentecostes (cf. At 1,14). A Bíblia, embora fale mais sobre Jesus, mostra Maria como uma mulher de fé silenciosa, obediente e ativa na missão do Filho.
Quatro Dogmas Marianos
A Igreja, iluminada pela Sagrada Escritura e pela Tradição, reconhece quatro verdades fundamentais (dogmas) sobre Maria:
- Maternidade divina – Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (Concílio de Éfeso, 431).
- Virgindade perpétua – Maria permaneceu virgem antes, durante e após o parto de Jesus.
- Imaculada Conceição – Maria foi concebida sem pecado original (proclamado por Pio IX em 1854).
- Assunção de Maria – Maria foi elevada ao céu em corpo e alma (proclamado por Pio XII em 1950).
Esses dogmas não afastam Maria de nós, mas a mostram como plenamente humana, redimida por Cristo de forma singular, para que pudesse cooperar com a obra da salvação.
Maria, Mãe da Igreja
No Calvário, Jesus entrega sua Mãe ao discípulo amado (Jo 19,26-27), representando todos nós. Assim, Maria torna-se Mãe espiritual da Igreja. O Papa Paulo VI a proclamou oficialmente como “Mãe da Igreja” no Concílio Vaticano II.
O Papa Francisco escreveu:
“Maria é a Mãe que vela por nós, os seus filhos, que caminhamos na vida muitas vezes cansados, necessitados, mas desejosos de não perder a esperança.”
(Evangelii Gaudium, n. 286)
Devoção e não adoração
Os católicos não adoram Maria, mas a veneram com um tipo especial de honra chamada hiperdulia. A adoração (latria) é devida somente a Deus. A veneração à Maria é legítima porque reconhece sua proximidade com Cristo e sua missão única como Mãe do Salvador.
Como disse São Luís Maria Grignion de Montfort:
“Nunca se ama tanto a Maria como quando se ama muito a Jesus.”
Maria, modelo e intercessora
Maria é modelo perfeito de discípula: escutou, acolheu e viveu a Palavra de Deus. Ao mesmo tempo, continua sendo nossa intercessora junto a Jesus. Como em Caná, ela diz ao coração de cada fiel: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5).
O Papa Bento XVI escreveu:
“Maria, com sua fé, nos ensina a acolher a Palavra de Deus e a nos colocar plenamente à disposição do Senhor” (Homilia, 15 de agosto de 2005).
Conclusão
Conhecer Maria é aproximar-se mais profundamente de Cristo. A Mariologia não é um exagero devocional, mas uma parte essencial da fé cristã, pois nos ensina a contemplar o mistério de Deus a partir do coração de uma Mãe. Como nos ensina a Igreja, toda verdadeira devoção mariana nos leva sempre a Jesus: “Ad Iesum per Mariam” – a Jesus por Maria.